Ok, eu sei que houve um momento que o professor era uma criatura austera, inflexível… até mesmo adepto de mecanismos agressivos, como a palmatória. Mas, as coisas mudaram, não é? Por favor, não é?????
Assistindo tv, tenho recebido as seguintes informações: “meu filho não estuda, a culpa é do professor”; “o professor não me motiva”; “o professor não faz a parte dele”; “o professor reclama à toa, a vida dele é ótima, ele tem 2 férias por ano”.
SOCORRO!!!!!!!!! Vamos aos poucos.
Primeiro: não se pode generalizar, nem para o bem, nem para o mal. Assim, existem bons professores e professores que desistiram, que empurram seu cotidiano, pois eles estão desmotivados.
Segundo: a educação é um processo. Logo, seus resultados demoram a ser percebidos; é feita coletivamente, ou seja, pais, instituição, professores e alunos devem trabalhar em conjunto. Auxiliando, criticando, ELOGIANDO, ah, sim, elogios podem acontecer. Eis a tal motivação.
Quando se fala de motivação, muitas coisas se inserem: a vontade de estar na aula, a dedicação para que a aula se desenvolva e, por que não, um sorriso e uma disposição para ouvir. “O professor não me motiva” – por acaso o aluno que diz isso já reparou que, quando ele fica acordado até muito tarde e dorme na aula, ele desmotiva o professor? Ou quando ele não tem paciência para ouvir e vira para o lado ou fala “chato”, ele também desmotiva o professor? Ainda: o que é um professor motivado? Tem aluno que acha que motivação é ver um professor que sorri mecanicamente e faz “teatrinho” o tempo todo. Por favor, falta esclarecimento.
Terceiro: o professor não vai para a casa do aluno. Assim, se o aluno não estuda em casa, em seu quarto, enfim, longe da escola, por que a culpa é do professor? Fala sério! Onde estão os pais nessas horas? Ou ainda, o aluno escolhe tantas coisas na vida dele, por que ele não pode escolher – SOZINHO – estudar ou não? E se optar por não estudar, que arque com as consequências. Se você não pagar suas contas, a culpa é minha, que sou professora? ABSURDO!
Quarto: o professor não deve reclamar… Desculpa, por que não? Atualmente, todos nós reclamamos de tudo: do trânsito, das filas, das compras, dos preços, mas o professor deve ser a criatura muda, eternamente paciente, passivo, cordeiro a ser imolado, enfim, proibido de reclamar? Mesmo? Se o professor não pode reclamar, pois, segundo a mídia, a vida do professor é ótima, alguém pode me explicar por que hoje é uma das profissões mais desgastantes? Se é tão boa como as pessoas falam, deveria existir uma absurda quantidade de jovens querendo ser professores… não é? E, só para constar: o professor tem apenas um período de férias – julho. O outro período, normalmente entre dezembro e janeiro, é um RECESSO, ou seja, a instituição libera o professor de acordo com seu bom senso. Se a instituição quiser liberar o professor dia 23 de dezembro e exigir sua presença dia 02 de janeiro, ela pode (infelizmente).
Assim, são tantos problemas envolvidos, desde um país que tem, sim, descaso perante a educação; a educação, em si, é um mercado; o professor é descartado, muitas vezes, como se fosse mais um dos tantos objetos recicláveis do nosso dia-a-dia – aliás, existem os cursos de reciclagem (termo ultrajante) – e outras tantas situações, como professora ser esfaqueada, professor ser agredido… Enfim, antes de falar “é ele” para justificar problemas pedagógicos, as pessoas, principalmente certos jornalistas, deveriam se perguntar “sou eu” que não tenho informação CORRETA.